Brasil

Brasil, teus clamores estão abafados
Teus políticos estão sempre passando a mão
Tuas praias e teus rios estão poluídos
Não me dê esta decepção

Brasil, espero tanto de ti
Sonho tanto com tua grandeza
Teu povo depende de ti
Não mate minha última certeza

Brasil, tua floresta é tua vida
Teu povo era mais alegre
Tanta árvore removida
Poupe meu casebre

Brasil, tu não és mais colônia
Não deixe ser explorado
Muito menos destruir a Amazônia
Pois nada será recuperado

Brasil, deixa eu ser o que sou
Sou da favela e sou da praia
Sou povo, sou pobre, sonhador eu sou
Sou da preguiça, sou de soltar arraia.

R.P.
08/07/08

 


A Prática da Transformação

Na angústia deste momento
Libero minha expressão
Para aliviar um tormento.

Na insegurança deste movimento
Acho um canal de vazão
Para continuar meu crescimento.

Não temo mais esta angústia.
Não fujo mais desta dor.
Só assim ativo minha astúcia.
Só assim posso mostrar meu valor.

Meu coração clama pela expansão.
Minha alma almeja profunda calma.
Meu destino não é desatino
Nem meu futuro é obscuro.

Da necessidade de partilhar,
Saí da escória.
E com todo pavor de me mostrar
Dei sentido para minha história.

Viver com arte e com a arte da vida
Deixar de ser parte para todo ser.
Participar, pertencer e amar,
O que mais posso desejar?

R.P.
16/08/07




A Porta Aberta

Um vazio a espera de ser preenchido
Um coração ansioso por ser liberado
Um corpo contraído louco para ser expandido
Assim é a angústia de quem quer ser libertado.

Olhe a vida e perceba de relance
Que o mistério de todos os mistérios é esse
Onde o saber não chega
Onde a razão não enxerga.

Vê fora quem olha para dentro
Só quem vive sabe o que é a morte.
É esse que não tem medo do encontro
Pois sua vida tem um norte.
É esse que sabe o que faz
E é por isso que encontra a paz.

Leia o que o Poeta escreve
Pois ele está em sintonia.
Deixe que ele o leve
Para longe da agonia.

Ouça a música e sinta
Que a arte nos liberta.
Aguce os sentidos e pressinta
Que qualquer porta pode ser aberta.

R.P.



O Lado do Coração

Que coisa maravilhosa
O contato com o coração.
Que sensação gostosa
E fonte de inspiração.

Voar sem temer
Caminhar sem destino
Vagar sem se perder
Este é meu hino.

Abri uma torneira
Jorrou um turbilhão.
Seja qual for a maneira
Posso falar de minha paixão.

Um medo a espreita
Espetando o coração.
Uma via tão estreita
Enevoando a conclusão.

Quero caminhar para o contato
Pois chega de ilusão.
Que bom saber o lado
Que fica o coração.

R.P.



Ir e retornar

Dedicado a Cristina Otero

Venha meu amor sentir esse prazer
Navegar nas ondas da felicidade
Ir para a praia e nada fazer
Sentir o calor dessa cidade

Venha meu amor sentir esse prazer
Nas suas curvas quero me moldar
Viajar pelo espaço até morrer
Sentir o calor do seu corpo até suar

Venha meu amor sentir esse prazer
Pois quero lhe abrir meu coração
Voar pelas planícies sem temer
Deixar ocorrer essa fusão

Venha meu amor sentir esse prazer
Pois meu coração está leve como pena
Quero ir a todos os lugares para conhecer
Deixe-me explorar sua pele morena

Venha sentir esse prazer meu amor
Teletransportar para outro lugar
Quero teu cheiro, quero teu sabor
Deixe levá-la onde o coração desejar

Venha meu amor sentir essa emoção
Nos deixar levar por essa correnteza
Seguir a direção do coração
Ficar contente com tanta leveza

Venha junto amar
Venha ao meu lado caminhar
Chega de tanto pensar e falar
Veja como é bonito esse lugar

Venha meu amor, vamos sentir
vamos sonhar, vamos partir
Vamos voar, vamos rir
Ir e retornar.

R.P.
5.5.2004




Uma semente

Dedicado a Vanessa Maria

No meu coração, uma ânsia
Na minha alma, uma esperança
No contato, a direção
Assim calma posso ter, para meu caminho percorrer.

No mundo, alguém para ajudar
No caminho, alguém para partilhar
No destino, um mapa para me guiar
Assim posso prosseguir, porque sei para onde ir.

Na minha casa, quero harmonia
No meu trabalho, procuro a realização
Nos meus sonhos, quero uma sintonia
Pois só assim posso abrir meu coração.

No meu jardim, plantei uma semente
Todo dia cuido com atenção
No dia-a-dia, organizei minhas tarefas
Pois só assim vou dormir com satisfação.

No papel em branco,
achei espaço para a expressão
No lado feminino da minha alma,
achei uma fonte de inspiração.

No meu passado,
Um limite muito me ajudou.
No meu presente, um outro ângulo de visão
Que muito me transformou.

Do futuro, que posso falar?
Não vou ficar a especular,
Pacientemente vou esperar
Aquela semente germinar.

R.P.
27.6.2005



Universos em Versos

Dedicado a Maurício Madureira

Na ânsia por mudança
Encontrei um vácuo tão cheio de nada
Que transformou falta em pujança
e desespero em esperança.

Na busca pelo contato
Encontrei a afeição na solidão
Que mudou meu destino
e acalmou meu coração.

Para de algo tão íntimo falar
Medo e ódio tive que encarar.
Para algo tão profundo expressar
Num lugar sem nome tive que chegar.

Que linguagem é essa com as fibras do corpo falada?
Que comunicação é essa através da alma expressada?
A resposta achei na poesia
que quando flui traz alegria.

Um canal se abriu com o novo a se mostrar.
Na minha frente uma paisagem desconhecida
Com cor e música para minha lida.

Sem controlar o fluxo do rio que sabe seu caminho até o mar
Sem julgar o que brota pois é água cristalina
Cuja impureza ficou na areia fina.

Que a angústia da criação
Se transforme em força construtiva
Pois sua dor na primeira ação
Parece destrutiva.

Como um barco levado pela correnteza
Posso percorrer meu caminho com leveza.
Na energia que permeia todos os universos
Encontro a inspiração para estes versos.

R.P.
21.2.2005